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Foto do escritorMarcelo Dada

Review: Ruptura (Severance) é uma experiência que confronta peculiaridades do ser e do existir

Produção fora da curva do gênero de ficção científica do Apple TV+ é apoiada em uma proposta inusitada, com tons de mistério, personagens marcantes, carismáticos e cheios de realidade.


Sinopse


Mark (Adam Scott) trabalha para uma grande corporação chamada Lumon e é o líder de uma equipe de funcionários cujas memórias entre suas vidas profissionais e pessoais foram cirurgicamente separadas. Os colegas de Mark são Irving (John Turturro), Dylan (Zach Cherry), Helly (Britt Lower) e, além destes, trabalha com seus supervisores, o senhor Milchick (Tramell Tillman) e a senhora Harmony Cobel (Patricia Arquette). Helly acabara de se unir a equipe, anteriormente composta por outro membro que foi desligado da empresa, e agora descobre que são responsáveis pelo chamado Refinamento de Macrodados.


O processo cirúrgico que separa as memórias das vidas pessoais e profissionais é conhecido como "ruptura" e consiste na implementação de um chip dentro de uma região do cérebro da pessoa que, livremente, escolhe e concorda com o procedimento. Uma vez feita, a ruptura é dita como irreversível e a sua ativação se dá quando o funcionário utiliza o elevador de acesso ao andar em que trabalha na empresa e também quando utiliza o mesmo ao fim do expediente. Isso faz com que a pessoa tenha uma vida externa que não tem acesso às memórias de todo o seu dia de trabalho, nem mesmo da equipe com quem trabalha e, por outro lado, uma vida interna quando estão trabalhando, sem lembranças de sua vida pessoal.



Reviravoltas começam a aparecer dentro e fora da empresa, principalmente porque, internamente, Helly não aceita muito bem o seu trabalho e as punições impostas pela empresa para quem desobedece as normas. Ao mesmo tempo, externamente, Mark se deparara com um colega misterioso, fora do ambiente da Lumon, e dá início a uma jornada para descobrir a verdade sobre o seu trabalho.

Sobre a série


Criada por Dan Erickson (Hide and Seek) e contando com a direção de Ben Stiller (Quem vai ficar com Mary?), Ruptura (Severance) traz uma proposta inicialmente parecida com a que vemos em ficções como Black Mirror (de Charlie Brooker), onde uma inovação tecnológica (normalmente associada ao futuro) implica drasticamente sobre a vida das pessoas, toda a sociedade e o mundo. O thriller do Apple TV+ possui um diferencial em sua premissa e na densidade realística e existencial que trata os aspectos da vida de seus personagens, permitindo reflexões filosóficas diferenciadas e que alcançam inúmeros aspectos críticos inquietantes.


O processo de ruptura é uma inovação polêmica e opcional (ou um requisito de certas empresas), que se propõe a fazer com que as pessoas tenham suas vidas profissionais e pessoais separadas, o que em si já constitui um eco de algo bastante real: por vezes, nos deparamos com essa ideia em inúmeras situações do nosso dia a dia, onde talvez possamos entender o desejo de não misturar as vivências do trabalho e da vida caseira para que a produtividade ou o aproveitamento do lazer seja total e sem as preocupações de um ou outro sendo trazidas para momentos que podem se dizer, distintos.



A função da primeira temporada, que teve sua estréia na plataforma no dia 18 de fevereiro de 2022, não é a de trazer respostas, mas de gerar incômodos, angústias, um sábio e propositivo humor, com o levantamento de inúmeras questões. Enquanto existe uma aparente grande conformação entre as pessoas que optaram pelo processo de ruptura e, portanto, não tem o encontro das memórias de suas vidas externas e internas, dentro do ambiente de trabalho, existe um grande conflito ao se deparar com uma continuidade absolutamente regrada dentro de um espaço muito hostil e atemporal. A Lumon, empresa apresentada pela série, é uma grande corporação que objetiva mostrar ao mundo os benefícios do procedimento da ruptura, mas que se utiliza de métodos altamente controladores e sufocantes, principalmente os ancorados em uma verdadeira "ruptura" psicológica, pois há um manual, com regras pétreas, com o endeusamento de seu dono e criador e se utiliza de punições agonizantes para manter seus funcionários sob total domínio.


O enigma do roteiro possui ênfases na linguagem visual, com um design que paira entre os anos 80 e 90, mas com características contemporâneas. A direção se utiliza de uma ambientação assertiva para promover ao espectador a sensação de solidão e de claustrofobia no ambiente de trabalho, com um cenário simétrico, planificado, tedioso e com corredores longos e extensos. Ao mesmo tempo, para retratar a vida externa dos personagens, a direção faz uso de um enquadramento muito menos luminoso, menos brilhante, assimétrico e notadamente disforme.


A trilha sonora da série recebe a atenção de Theodore Shapiro (O Diabo Veste Prada), um trabalho que possui nuances dos anos 80. Os aspectos sonoros são cuidadosamente dosados entre as cenas e possuem um contraste de ruídos mais tecnológicos, sabiamente utilizados para ressaltar aspectos de agonia e alusão à loucura.



A atuação é brilhante e cheia de pontos que merecem ser comentados. Primeiramente, Adam Scott presenteia o espectador como o protagonista Mark Scout em seu sucesso de propor um personagem interno e um personagem externo, muito distintos, mas absolutamente similares. Zach Cherry, que interpreta Dylan, e Britt Lower, que interpreta Helly, entregam personagens tragicômicos, emocionantes e intensos. Patricia Arquette interpreta Harmony Cobel, uma personagem vulnerável e fiel, até demais, à empresa e ao seu fundador. Há um destaque incrível na atuação de John Turturro e seu personagem, Irving, contracenando com Christopher Walken e seu personagem, Burt.



Ruptura, que figura entre as séries mais populares do Apple TV+, promove um questionamento sobre a verdadeira natureza da realidade ao explorar a separação das memórias, e também contextualiza, de uma forma feroz, o controle que grandes corporações podem exercer sobre as pessoas. A produção não é apenas um trabalho elogiável em seus inúmeros aspectos. Toda sua condução pode levá-la a um mérito de melhor série de 2022.


Elenco e Equipe Técnica

Atores: Patricia Arquette, Adam Scott, John Turturro, Britt Lower, Zach Cherry, Dichen Lachman, Jen Tullock, Tramell Tillman, Michael Chernus e Christopher Walken.

Criador: Dan Erickson.

Produtores Executivos: Dan Erickson, Mark Friedman, Chris Black, John Cameron, Andrew Colville, Ben Stiller, Nicky Weinstock e Jackie Cohn.

Produtores: Patricia Arquette e Adam Scott.

Direção: Ben Stiller e Aoife McArdle.


Trailer



Avaliação


A avaliação pontua de 0 a 2 para cada critério e o somatório representa uma nota atribuída para a produção.

​Série: Ruptura (2022)

Pontuação/Nota

Elenco e Atuação

2,0

Roteiro

1,9

Direção Técnica e Autoria

2,0

Cenário e Fotografia

2,0

Sonoplastia

1,9

Nota Final da Equipe News On Apple

9,8


Sobre o AppleTV+


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Fonte: Apple TV+ Press

25/6/2022 - 12h20

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