Minissérie do Apple TV+ possui núcleos enxutos, precisão de roteiro, reflexões propositivas e o tom brilhante da atuação capaz de evocar mentes monstruosas.
Sinopse
Jimmy Keene (Taron Egerton) é um traficante de drogas muito charmoso, auto-confiante e com uma fala potencialmente persuasiva. Keene é filho de um ex-policial e possui um robusto e reconhecido histórico no time de futebol americano da escola. Após ser preso em virtude de uma ação policial da qual não podia escapar, Jimmy é surpreendido com uma sentença de prisão que o levaria a passar um bom tempo na cadeia.
Surge então uma proposta inusitada que pode levar Jimmy a ser liberado de sua sentença: O FBI, representado pela agente Lauren McCauley (Sepideh Moafi) está em uma corrida contra o tempo para evitar que um suspeito de assassinatos em série, Larry Hall (Paul Walter Hauser), saia da prisão. Os agentes acreditam que Jimmy possa utilizar as suas habilidades para se aproximar de Larry e obter confissões e informações que levem a polícia a encontrar os corpos das supostas vítimas de Hall.
Para obter sucesso nessa empreitada, Keene deve ser transferido para a prisão de segurança máxima em que Larry está preso, conseguir os informativos necessários antes que um recurso da defesa de Larry seja julgado e anule a sua condenação e ainda saber lidar muito bem com uma série de empecilhos que tornam a sua missão um verdadeiro desafio.
Sobre a Série
Black Bird é baseada em um romance autobiográfico, lançado em 2010, de James Keene e Hillel Levin, com o título original "In with the Devil: a Fallen Hero, a Serial Killer, and a Dangerous Bargain for Redemption". A série foi desenvolvida por Dennis Lehane (Mystic River) e chegou ao catálogo do Apple TV+ no dia oito de julho de 2022 com seis episódios, configurando um caráter de minissérie.
A formulação de apresentação dos personagens, os recortes e, principalmente, a ação que se pretende pela narrativa, não surpreendem pela ousadia ou por quaisquer aspectos inovadores (o que denotaria uma grande autoria para os produtores). Os enquadramentos que apresentam os personagens Jimmy Keene e Larry Hall recorrem a recortes flutuantes em um curto espaço de tempo e são absolutamente assertivos para mergulhar o espectador na densidade da personalidade de cada um destes personagens, além de oferecer um panorama objetivo de suas vidas que nos orienta no entendimento da trama.
A aproximação de Jimmy e Larry são uma constatação óbvia dos primeiros episódios e a construção dessa aproximação é feita com diálogos improváveis, inteligentes, que intrigam exatamente pelas diferenças físicas, comportamentais e da personalidade bem diferenciada de ambos. O roteiro posiciona muito bem a alternância entre as falas mais previsíveis (porque Jimmy possui a clara intenção de dialogar e "conquistar" a confiança de Larry), as falas mais inteligentes e também as mais obscuras e enigmáticas - todas as estruturas dos diálogos são brilhantes e configuram um alicerce para as atuações primorosas que resultam no sucesso da série.
Para pontuar acerca da atuação do elenco de Black Bird, primeiro é necessário reforçar que a série oferece poucos elementos dos ambientes, sejam das prisões, das extensas áreas verdes e até mesmo dos departamentos do FBI. São raros os momentos em que uma câmera percorre uma sala ligando-a a outra, quase como se houvesse uma total incongruência entre os cenários, o que pode refletir em uma carência da visão global e espacial de determinadas localizações, ainda que conte com uma excelente qualidade de imagem e com uma ambientação notável dos componentes dos cenários que remetem à época.
Exatamente por optar por um cenário menos rico em detalhes e com prédios e construções que sequer conseguimos dimensionar, a direção de Michael R. Roskamn (Bullhead), Jim McKay (The Good Fight) e Joe Chappelle (Fringe) concentra os aspectos mais intrigantes da série nas atuações. Paul Walter Hauser consegue promover mais sensações do que o espectador consegue prever: seu personagem, Larry, possui um tom de voz, um humor e expressões que rapidamente oscilam entre uma pessoa extremamente monótona à uma fera, por vezes enraivecida e por vezes sedenta por atenção, um personagem consumido pela vaidade e que surpreende, em inúmeros aspectos, à cada cena. Taron Egerton é a expressão do charme e da lábia. Seu personagem se conecta com o de Hauser pela conveniência de conduzir a sua missão e reduzir sua pena e, posteriormente, se conecta com sua humanidade. Contamos também com a atuação de Ray Liotta (Marriage Story), que faleceu no dia 26 de maio de 2022 e interpretou Big Jim Keene, pai de Jimmy.
Dennis Lehane entrega uma minissérie que possui uma duração certeira. Seis episódios que conseguem, com maestria, situar o espectador em acontecimentos fundamentais da forma como o showrunner pretende e quer, com o intuito de trazer os caracteres de uma história real ao mesmo tempo em que promove uma boa dose de tensão, suspense e, com a intensidade necessária, provoca reflexões variadas e bem conduzidas. Pode-se refletir sobre a apresentação da masculinidade e as suas fragilidades, o machismo e os seus aspectos sombrios, os horrores dos crimes da história dos Estados Unidos e a forma como mentes perturbadoras podem ser encaradas quando você se aproxima delas.
Elenco e Equipe Técnica
Atores: Taron Egerton, Paul Walter Hauser, Sepideh Moafi, Greg Kinnear e Ray Liotta.
Escritor: Dennis Lehane.
Diretores: Michael R. Roskam, Jim McKay e Joe Chapelle.
Produtores Executivos: Dennis Lehane, Taron Egerton, Michael R. Roskam, Richard Pleper, Dan Friedkim, Bradley Thomas, Ryan Friedkim, Alexandra Milchan, Scott Lambert, Kary Antholis e James Kim.
Trailer
Avaliação
A avaliação pontua de 0 a 2 para cada critério e o somatório representa uma nota atribuída para a produção.
Série: Black Bird (2022) | Pontuação/Nota |
Elenco e Atuação | 1,8 |
Roteiro | 1,9 |
Direção Técnica e Autoria | 1,5 |
Cenário e Fotografia | 1,8 |
Sonoplastia | 1,0 |
Nota Final da Equipe News On Apple | 8,0 |
Entenda como funcionam os critérios de notas da Equipe News on Apple.
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17/8/2022 - 4h14
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