Muito se fala de realidade aumentada, porém poucas são as pessoas que conhecem e qual a utilidade dessa tecnologia. A Apple, com seu ARKit e o LiDAR, se colocam à frente de seus concorrentes.
No final dos anos 2000, fui a uma sala de reunião e, na mesa, existia um papel com um triângulo impresso em seu centro. Conversando com um desenvolvedor, ele pegou uma webcam e apontou para o triângulo e, qual não foi a minha surpresa ao ver que, na tela de seu notebook, o triângulo magicamente se transformou num gif de um bebê dançando. Foi aí que comecei a entender o que é realidade aumentada.
Logicamente que esse é um exemplo do que chamamos de "prova de conceito", com um exemplo básico de uma idéia que pode ser incrementada e ser algo útil (não que um bebê dançando não seja interessante, pelo contrário!).
Hoje caminhamos para um futuro próximo onde a realidade aumentada será uma ferramenta muito útil ao nosso dia a dia.
Mas o que é realidade aumentada? A Realidade Aumentada (RA) ou, em inglês, Augmented Reality (AR), é uma experiência interativa de um mundo real, onde objetos são acentuados por informação perceptiva criada por modelos e métodos computacionais. Basicamente é você olhar para uma paisagem, apontar seu celular (tablet, webcam ou qualquer meio de captura de vídeo) e, magicamente, uma árvore aparecer na tela, porém ela não existe na paisagem real.
Novamente, essa é uma explicação bem simplória do que a tecnologia é. Outro exemplo, bastante famoso, é o jogo "Pokémon GO", onde os pocket monsters não estão ali no "mundo real", mas você os "vê" no display de seu telefone.
As possibilidades de uso de tal tecnologia são enormes! Atualmente já existem várias empresas que a utilizam no seu cotidiano, seja para fornecer uma experiência diferente a seu consumidor ou mesmo para melhorar seus processos internos. O nível de imersão que as empresas podem ter de seus produtos e oferecer essa experiência a seus clientes, era algo inimaginável até pouco tempo atrás. Empresas como Converse, do ramo de calçados, oferece a seus clientes "experimentarem" seus calçados sem que estejam fisicamente em uma loja. Já o Walmart faz o controle de seu inventário usando realidade aumentada. A IKEA, rede sueca de venda de móveis domésticos de "baixo custo", faz uso do scanner LiDAR, que estão nos iPhones (12 Pro e 12 Pro Max) e no iPad Pro (quarta geração ou posterior), para mapear uma sala inteira em 3D e fazer toda uma sugestão de decoração interna. Isso sem falar em aplicações nas áreas de segurança, educação e saúde. Vale lembrar que a própria empresa da maçã faz uso de RA, apresentando seus produtos para serem visualizados "em tamanho real", através de seu website, no ambiente dos usuários, através do iPhone, iPad ou iPod touch, utilizando essa tecnologia.
Poderia citar inúmeros exemplos do que já se é praticado utilizando realidade aumentada, mas, por ora, vou me ater ao "scanner LiDAR" e o porquê desse pedaço de hardware, que compõe os iPhones e iPads, é tão importante.
O scanner LiDAR pode medir a distância exata de objetos em velocidades de nanossegundos. Isso, combinado com os mesmos algoritmos de visão computacional dos processadores Apple, dá aos usuários de iPhone e iPad uma compreensão muito mais detalhada de uma cena e também reduz drasticamente o tempo de configuração normalmente necessário em aplicativos de realidade aumentada.
A Apple, com seu ARKit, pode gerar novos recursos nos apps, como fazer medições mais precisas e aplicar efeitos ao ambiente de um usuário.
Não é novidade nenhuma que a Apple planeja lançar um óculos de realidade aumentada. Sou uma das pessoas que espera - sentado - tal novidade. Mas já podemos imaginar alguns impactos que tal vestível poderia causar em nossas vidas. Quem nunca esqueceu o nome de alguém? A realidade aumentada poderia nos ajudar, mostrando na tela do óculos inteligente o nome da pessoa, e mais, mostrar outras informações relevantes como data de nascimento ou algum gosto em específico, para ajudar num bate-papo, tal como o resultado do último jogo do seu time de coração. No caso das empresas, imagine um vendedor conversar com alguém e, instantaneamente, na tela do vendedor, aparecer os últimos pagamentos, vencimentos, detalhes das vendas realizadas ou canceladas. Outro cenário interessante é irmos ao supermercado e, ao olhar um produto, o óculos inteligente, verificaria sua pressão sanguínea e seu teor de colesterol - medidos no seu Apple Watch - e mostrasse que esse produto não faria bem à sua saúde, ou mesmo mostrar que tal produto está mais barato em outro local e, pasme, ao notar que você se interessou no produto, fazer a compra pela Internet e enviar para sua casa. Tudo isso apenas olhando para alguma coisa. Em lojas físicas, espelhos podem oferecer tipos de vestuário e mostrar como você ficaria, sem a necessidade de pegar uma peça de roupa e ir até o provador. Ao ver um jogo, ao olhar a um jogador, estatísticas desse jogador saltam à tela, em outro exemplo.
As opções se tornam praticamente infinitas. Conforme a tecnologia de realidade aumentada amadurece, o número de apps continua a crescer e pode influenciar nossas compras, entretenimento, trabalho e muito mais. E nesse caso, a Apple aprendeu com os erros do Google e de seu projeto "Tango", que tentou trazer a realidade aumentada aos Androids, mesmo sem um hardware específico para isso.
Penso que podemos imaginar um futuro bastante próximo onde a realidade aumentada seja comum ao ponto de não notarmos sua utilização em nossas vidas.
Vale a pena instalar apps que utilizam realidade aumentada, não apenas para se antenar dos próximos passos, mas para, de certa forma, se anteceder a uma tecnologia que nos auxiliará, e muito, num futuro mais próximo do que se imagina.
03/08/2021 - 10h
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