Em uma decisão extremamente delicada, Banco Central e CADE suspendem o serviço de pagamento via WhatsApp apenas oito dias depois de seu lançamento.

Mas, por que tal decisão?
A alegação, por parte do Banco Central, é de que tal serviço depende de "autorização prévia", ou seja, declarou que essa solução poderia afetar a competição, eficiência e a privacidade dos dados dos usuários.
Já o CADE questiona a prioridade dada à CIELO para o processamento desse tipo de serviço, lembrando que a empresa é dona de mais de 40% do mercado de maquininhas de cartão. Também questiona a base de dados do WhatsApp, que gira em torno de 120 milhões, sendo o segundo maior número de usuários no mundo, e que seria praticamente impossível criar ou replicar essa base por concorrentes da CIELO, implicando em exclusão de concorrência, além de, principalmente, reduzir as escolhas do usuário.
Agora, vejamos como é o desenho dessa solução de pagamentos:
Cadastro de um cartão de débito válido;
Selecionar a pessoa que receberá o valor;
Digitar um valor;
Transferir.
E, para que isso aconteça, é necessário que o usuário aceite os termos e condições do serviço, além de cadastrar uma senha para esse tipo de operação.
Onde entraria a CIELO? Bem, ela seria o player que atuaria na transferência desses valores e, a grosso modo, seria uma "máquina virtual de cartão".
Vamos adicionar um pouco mais de informação a isso tudo: o serviço é baseado no Facebook Pay. Enfim, o que isso quer dizer?
O Facebook Pay é um método seguro e integrado para fazer pagamentos no Facebook, no Instagram, no Messenger e, agora, no WhatsApp. Ao inserir as informações do seu cartão de pagamento ou da sua conta, é possível usar o Facebook Pay para comprar, enviar dinheiro ou fazer doações dentro dos aplicativos que fazem parte do ecossistema do Facebook. É necessário adicionar um PIN ou biometria para proteger pagamentos individuais. Também é possível consultar seu histórico e gerenciar suas informações de pagamento.
Em se falando sobre segurança, o Facebook Pay é protegido das seguintes formas:
Tecnologia antifraude para monitorar compras e transferências para detectar atividades suspeitas e não autorizadas;
Criptografia e armazenamento seguro de dados para informações sobre contas bancárias e cartões de pagamento;
Notificações em caso de atividades incomuns detectadas;
Utilização de PIN ou biometria para garantir mais segurança ao enviar dinheiro ou fazer pagamentos;
O Facebook não receber nem armazenar as informações biométricas do seu dispositivo.
Junte-se a isso, a informação de Paulo Caffarelli, presidente da CIELO, de que a companhia nega veementemente que barreiras tenham sido impostas à entrada de competidores, referente à solução de pagamentos via WhatsApp, refutando o risco detectado pelo CADE, da existência de um contrato de exclusividade com a empresa. Embora entenda que não exista barreira para implantação do serviço, a CIELO informou que tomou todas as providências para suspender o serviço e completa que "a companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre quaisquer atualizações relevantes relativas ao tema".
Então, caro leitor, em tempo de pandemia, onde o varejo tenta se recriar através de novas formas de vendas e divulgação, o Banco Central barra a inovação e estrangula ainda mais o setor, fechando a entrada no mercado digital de pequenas e médias empresas. Tal ação mostra um retrocesso no avanço que a COVID-19 exige que seja feito.
Esperamos que tal decisão seja derrubada o mais breve possível e que o Brasil consiga ser a vanguarda tecnológica que há tempos promete ao mundo.
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01/07/2020 - 18h35
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